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MINAS DO CAMAQUÃ:

Um Marco da Mineração de Cobre

Localizadas nos domínios do município de Caçapava do Sul, porção central do Escudo Sul-Riograndense, as Minas do Camaquã apresentam um grande potencial geoturístico, associando seu histórico de exploração mineral às exuberantes belezas (naturais e de origem antropica) da região (Figura 1). Corroborando este potencial, as Minas  do  Camaquã  representam  um  excelente  Geossítio  para  estudos  científicos, através das mineralizações de Cobre, Ouro, Prata, Chumbo e Zinco. A origem destes metais  ainda  é  tema  de  intensos  debates  na  comunidade  científica,  dada  sua complexidade geológica.

Devido à complexidade geológica registrada nas rochas das Minas do Camaquã, este Geossítio é alvo de intensas pesquisas e visitas científicas, desde universidades até empresas ligadas à exploração mineral. Partindo desta premissa, as Minas do Camaquã representam um ponto de referência a ser pesquisado como laboratório permanente de estudos no campo das geociências.

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Figura 1. Imagens da região das Minas do Camaquã (Fonte: GoogleEarth): (a) Mina a céu aberto; (b) Lago represado; (c) Morro da Cruz; (d) Vista parcial da comunidade; (e) Arroio João Dias. Fonte das fotos: http://www.visiteminasdocamaqua.com

Histórico Exploratório

 

Os primórdios da exploração mineral, na região das Minas do Camaquã se deu a partir da descoberta das primeiras incidências de mineralizações de cobre em 1865 por mineradores ingleses, que resultou na abertura de uma galeria, conhecida como Galeria dos Ingleses, a qual foi explorada entre os anos de 1870 e 1887.

 

Uma segunda fase de exploração mineral na região se deu a partir da lavra de um filão de Calcopirita e Pirita (o primeiro sendo um mineral de minério que contém cobre na sua estrutura cristalina) por empresários alemães no ano de 1888. Este minério extraído foi exportado para a Inglaterra até 1899, quando teve suas explorações desestimuladas a partir da queda do preço do cobre e o aumento no preço dos transportes.

Posteriormente, em 1901 as atividades foram retomadas por uma companhia de exploração mineral da Bélgica até o ano de 1908, a qual encerrou suas atividades devido a uma nova queda na cotação do cobre. No período de exploração desta companhia, foi executada a abertura de uma nova galeria subterrânea, além da construção de uma barragem no Arroio João Dias com a finalidade de fornecimento de energia.

 

Entre 1926 e 1936 o Serviço Geológico e Mineralógico realizou uma série de trabalhos voltados à prospecção metalífera no Rio Grande do Sul e tendo continuidade entre 1937 e 1940 pelo Serviço de Fomento da Produção Mineral. Como conseqüência destes programas de pesquisas, em 1942 foi criada a Companhia Brasileira do Cobre.

 

A partir do final da década de 1980, oscilações internacionais e características inerentes ao processo de extração do cobre interferiram significativamente na economia da região. A combinação de baixos preços do minério de cobre com a profundidade das jazidas tornava insustentável a atividade cuprífera nas Minas do Camaquã. Desde as primeiras descobertas em 1865, uma série de companhias vinha realizando pesquisas de cunho geológico para fins exploratórios, onde as últimas explorações se encerraram em

1996 após o esgotamento total das reservas economicamente viáveis.

 

As explorações minerais nas Minas do Camaquã se deram preferencialmente em minas subterrâneas, que são galerias situadas em diferentes posições geográficas no entorno do foque da extração mineral (Figura 2 e Figura 3).

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Figura 2. Entrada da Galeria da Mina São Luiz. http://www.visiteminasdocamaqua.com

Figura 3. Entrada da mina subterrânea da Mina
Uruguai. http://www.visiteminasdocamaqua.com

Contexto Geológico (Paleoambientes)

 

O cenário geológico da área das Minas do Camaquã é composto por rochas sedimentares e vulcânicas da Bacia do Camaquã. Os sedimentos depositados na região correspondem a níveis argilosos (argila compactada), arenitos (areia litificada), e conglomerados que semelhantemente aos arenitos também são formados por variados grãos de diferentes litologias, porém de maior granulometria, ou seja, que contém grãos maiores desde grânulos até seixos. Já as rochas vulcânicas são andesitos, que afloram em pequenas áreas das Minas do Camaquã.

 

As características registradas nas rochas acima descritas são utilizadas para tentar reconstruir a evolução geológica da região.

Em termos gerais, pode-se dizer que na área de estudo, inicialmente, ocorria um ambiente deltáico, onde  os  sedimentos  dos  rios  eram  despejados  na  bacia  e retrabalhados pelas ondas. Posteriormente, ocorreu um ambiente fluvial e novamente deltáico, seguido por uma pequena contribuição vulcânica. E, por fim, um ambiente desértico, que foi sobreposto por novo ambiente fluvial.

Estes ambientes pretéritos (paleoambientes) ocorriam na área de estudo entre 592 e 540 Milhões de anos, quando o planeta apresentava-se com uma diferente distribuição dos continentes (paleogeografia), como pode ser observada na Figura 4.

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Figura 4. Reconstrução da configuração dos continentes a 600 milhões de anos atrás. Fonte: Scotese (2014)

Contexto Geológico (Mineralizações)

 

As mineralizações nas Minas do Camaquã foram lavradas através de minas a céu aberto e subterrâneas. Foram explotados minérios da Jazida Santa Maria e de dois diferentes setores, São Luiz (mina subterrânea) e Uruguai (mina a céu aberto e subterrânea).

 

Na Jazida Santa Maria foram explotados minérios de Chumbo, Zinco, Cobre e Prata. O Chumbo é explotado do mineral de minério galena (Sulfeto de Chumbo, com 87% de chumbo e 13% de enxofre) e o Zinco é explotado do mineral de minério esfarelita (Sulfeto de Zinco, com 67 % de zinco e 33% de enxofre).

Nos setores São Luiz e Uruguai foram explotados minérios de Cobre, Ouro e Prata. O Cobre foi explotado através de minerais de minério como a calcopirita (Sulfeto de Cobre, com 34,5% de cobre, 30,5% de ferro e 35% de enxofre), bornita (Sulfeto de Cobre e ferro, com 63,3% de cobre, 11,1% de ferro e 25,6% de enxofre) e calcocita (Sulfeto de Cobre, com 79,8% de cobre e 20,2% de enxofre). O Ouro foi explotado através de minerais de minério como a hematita (óxido de ferro) e calcopirita. A Prata foi explotada através de minerais de minério como a calcocita e a bornita.

Vale ressaltar que as mineralizações ocorrem sob forma de filões (veios ou zonas enriquecidas de minério) que se encontram encaixados em falhas ou disseminados

(espalhados, dispersos) nas rochas (Figura 5).

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Figura 4. Reconstrução da configuração dos continentes a 600 milhões de anos atrás. Fonte: Scotese (2014)

Conhecer para Preservar

 

Tem-se as Minas do Camaquã como um clássico distrito mineiro do Rio Grande do Sul que já foi a principal reserva de cobre conhecida do sul do Brasil. Reserva esta que contribuiu desde 1865, ano em que foram descobertos os minérios de cobre na região, até maio de 1996, quando se deu o esgotamento das reservas economicamente viáveis, para o desenvolvimento da história deste local.

Além de ser referência na história da mineração no país, como um sítio metalogenético, estratigráfico e paleoambiental, é também um laboratório permanente de estudos para geociências, e um sítio com belas vistas que todos, tanto turistas quanto moradores, podem apreciar (Figura 6).

Tendo isto em vista devemos ter em mente a necessidade de conciliar a reavaliação mineral, que ocorre na região, com o potencial turístico e educativo das áreas pertencentes ao sítio das Guaritas do Camaquã.

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Figura 6. Paisagens ao longo da RS-625 (estrada não pavimentada). Fonte: Projeto Georoteiros.

Localização:

Leitura Recomendada

  • HARRES, M. M. (2000). Minas do Camaquã (Caçapava do Sul - RS): a exploração do cobre no Rio Grande do Sul. In: Ronchi, L. H. & Lobato, A. O. C. (eds.). As Minas do Camaquã. São Leopoldo, Editora UNISINOS, 21-53.

  • PAIM, P.S.G. (2002). Minas do Camaquã, RS. In: Schobbenhaus, C.; Campos, D.A.; Queiroz, E.T.; Winge, M.  &  Berbert-Born, M.  (eds.). Sítios geológicos e paleontológicos do Brasil. Brasília, DNPM, 501-510.

  • PAIM, P.S.G. e LOPES, R.C. (2000). Geologia da região das Minas do Camaquã. In: Ronchi, L. H. & Lobato, A. O. C. (eds.). As Minas do Camaquã. São Leopoldo, Editora UNISINOS, 111-132.

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